A Coreia do Norte teria enviado milhares de soldados para a Rússia com o objetivo de apoiar a invasão russa à Ucrânia, e segundo informações de inteligência da Coreia do Sul, novos contingentes devem se unir ao conflito até o fim deste ano. Analistas em Seul afirmam que, embora os custos desse envolvimento possam ser altos, Pyongyang parece contar com o apoio de Moscou em caso de um conflito na Península Coreana, o que pode justificar a movimentação.
Um relatório recente do Instituto para Estratégia de Segurança Nacional, vinculado ao Serviço Nacional de Inteligência sul-coreano (NIS), sugere que o apoio norte-coreano à Rússia pode estar ligado ao cenário da próxima eleição presidencial dos Estados Unidos. Segundo o documento, uma possível vitória de Donald Trump poderia acelerar o fim da guerra na Ucrânia, e esse cálculo estratégico seria um dos fatores que motivou o envio de tropas.
De acordo com o NIS, cada soldado norte-coreano destacado para a Ucrânia estaria recebendo uma remuneração mensal de cerca de 2 mil dólares. Com um contingente inicial de pelo menos 10 mil soldados, a estimativa de ganho anual ultrapassa os 200 milhões de dólares, o que representa um impulso considerável para a economia da Coreia do Norte, que enfrenta crises financeiras e de alimentos.
Além de tropas, cerca de 4 mil trabalhadores norte-coreanos já estão na Rússia, recebendo um salário médio de 800 dólares por mês. Esse contingente de trabalhadores, junto com o pagamento das tropas, contribui significativamente para aliviar a pressão econômica e alimentar enfrentada por Pyongyang.
Outro aspecto do acordo entre Coreia do Norte e Rússia envolve a oferta de até 700 mil toneladas de arroz por ano, o que supriria mais da metade da necessidade anual do país, segundo cálculos de autoridades sul-coreanas. Atualmente, a produção de grãos norte-coreana gira em torno de 4 milhões de toneladas, sendo que grande parte é composta por batatas e não por arroz, principal alimento na dieta local.
Para Pyongyang, essa ajuda alimentar é crucial, pois o país já enfrentou crises de escassez nos últimos anos e tradicionalmente depende de ajudas emergenciais para abastecer sua população. Em ocasiões passadas, a Rússia já havia enviado de 50 mil a 100 mil toneladas de arroz à Coreia do Norte, mas a quantidade prometida agora é consideravelmente maior.
O apoio russo à Coreia do Norte também inclui tecnologia espacial avançada, essencial para o desenvolvimento de satélites de reconhecimento militar, uma das ambições de Pyongyang. Segundo informações do NIS, a cooperação tecnológica é uma das condições que tornam o acordo particularmente vantajoso para o regime norte-coreano.
Outra vantagem significativa para a Coreia do Norte é a possibilidade de contar com apoio militar direto da Rússia em caso de conflito na Península Coreana. Com o envio de tropas para o lado russo, o regime de Kim Jong-un espera que Moscou cumpra uma promessa de auxílio militar recíproco, firmada no pacto de defesa mútua entre os países.
Especialistas afirmam que a aliança entre Rússia e Coreia do Norte se fortaleceu, e a cooperação militar entre os dois países pode continuar mesmo após o fim do conflito na Ucrânia. Essa colaboração oferece a Moscou uma nova carta na mesa de negociações com os Estados Unidos, assim como a China já fez anteriormente ao usar suas relações com Pyongyang para pressionar Washington.
Com informações de: koreaherald