Em 2020, a Michelin trouxe ao mercado uma solução inovadora para um problema comum: pneus furados. Com o lançamento do pneu “airless” – ou pneu “não pneumático” – a empresa apresentou um modelo que elimina a necessidade de ar pressurizado. No lugar do ar, esse pneu conta com uma estrutura composta por raios de borracha, oferecendo resistência e durabilidade impressionantes. Mas por que não criaram esse design desde o início? Segundo especialistas da própria Michelin, a indústria lida com desafios tecnológicos e práticos há décadas. Porém, a evolução dos materiais e dos processos de produção possibilitou esse salto em inovação.
De acordo com um estudo interno, cerca de 20% dos pneus tradicionais são descartados todos os anos por problemas como furos e desgaste irregular, um impacto significativo para o meio ambiente e a economia.
Só nos Estados Unidos, isso representa cerca de 200 milhões de pneus descartados anualmente. Esse novo design de pneus sem ar não apenas oferece economia, mas também aumenta a segurança, eliminando a necessidade de pneus sobressalentes e reduzindo o risco de acidentes causados pela perda de controle ao furar um pneu comum.
Aumento de espaço e redução de peso nos veículos com o pneu airless
Além de aumentar a segurança, os pneus airless trazem vantagens adicionais, como a liberação de espaço no porta-malas. Sem a necessidade de um pneu extra, o compartimento pode ser otimizado para outras funções, ideal para quem precisa de mais espaço, especialmente em carros menores. Além disso, a ausência de um estepe reduz o peso total do veículo, o que pode contribuir para uma pequena economia de combustível e, em veículos elétricos, aumentar a autonomia.
Estabilidade e segurança aprimoradas com a tecnologia dos pneus pneumáticos
Em pneus convencionais, a lateral pode deformar durante curvas, o que compromete a estabilidade lateral. Com a estrutura rígida dos pneu pneumáticos, composta por polímeros e raios de borracha, essa deformação é significativamente reduzida, proporcionando maior controle do veículo em altas velocidades e em manobras mais bruscas. Além disso, há uma melhora no desempenho em estradas molhadas, já que o design possibilita a inclusão de pequenos canais de drenagem na banda de rodagem, ajudando a prevenir a aquaplanagem.
Concorrência e parcerias fortalecem a expansão dos pneus não pneumáticos
Embora a Michelin tenha sido pioneira com o modelo Twheel lançado em 2004 para veículos de construção e uso agrícola, outras marcas também entraram no jogo. A Hankook, por exemplo, lançou seu modelo iFlex, e a Bridgestone desenvolveu uma versão com raios dispostos em sentidos opostos para aumentar a rigidez e a estabilidade nas curvas.
Em 2023, a Michelin fez uma parceria com a DHL em Singapura para equipar cerca de 50 veículos de entrega com esses pneus de borracha. Dessa forma, o transporte de mercadorias ganha uma nova segurança, já que, se ocorrer um furo, não há impacto na entrega nem a necessidade de trocas ou de envio de um veículo de substituição.