Em meio às crescentes tensões na região, Estados Unidos e China realizaram novas negociações militares para evitar confrontos acidentais, especialmente no disputado Mar da China Meridional. Os encontros, que ocorreram na cidade chinesa de Qingdao, envolveram altas patentes das duas nações e tiveram como objetivo restabelecer canais de comunicação e discutir medidas de segurança.
Trata-se de uma tentativa de reduzir o risco de “escalada não intencional” em meio às crescentes tensões no Indo-Pacífico e, principalmente, no Mar da China Meridional. O encontro, realizado entre quarta e sexta-feira, marcou uma tentativa de ambos os lados de reavivar a cooperação militar, suspensa desde 2022 por desentendimentos sobre o apoio dos EUA a Taiwan.
O diálogo foi realizado no âmbito do Acordo Consultivo Marítimo Militar, uma iniciativa criada há mais de duas décadas, mas que havia sido suspensa em 2022 devido a divergências políticas, principalmente relacionadas a Taiwan. A retomada das conversas, logo após a vitória de Donald Trump, marca um esforço para reduzir o risco de incidentes não intencionais e promover a estabilidade na região.
Os participantes discutiram temas como segurança operacional, normas marítimas e medidas para evitar mal-entendidos. Ambos os lados destacaram a importância de manter linhas de comunicação abertas para prevenir escalada de conflitos.
Sob o comando do Major General Jay Bargeron, do Comando Indo-Pacífico dos EUA, a delegação americana incluiu representantes da Frota e das Forças Aéreas do Pacífico. Do lado chinês, liderou o Contra-Almirante Qiang Wang, do Exército de Libertação Popular (PLA), com apoio de integrantes da Marinha e da Força Aérea.
As negociações ocorrem em um momento de grande tensão no Mar da China Meridional, onde diversos países, incluindo a China, Filipinas e Vietnã, disputam territórios e recursos. A recente aprovação de leis pelas Filipinas para delimitar suas fronteiras marítimas gerou novas controvérsias e aumentou a animosidade entre Pequim e Manila.
Esse esforço ocorre no âmbito do Acordo Consultivo Marítimo Militar (MMCA) EUA-China, criado há mais de 25 anos para evitar colisões e incidentes entre as forças navais e aéreas dos dois países, mas suspenso em 2022. Com sua reativação em abril, Pequim e Washington retomaram as reuniões semestrais do grupo de trabalho e a sessão plenária anual, em um passo simbólico para evitar que a relação bilateral, já sob pressão, caia em um conflito direto.
A China reivindica a maior parte do Mar da China Meridional, enquanto outros países da região possuem reivindicações sobrepostas. Os Estados Unidos, por sua vez, têm defendido a liberdade de navegação na região e se comprometido a ajudar seus aliados na Ásia a se defenderem de possíveis agressões chinesas.
O encontro não sinaliza o fim das divergências, mas representa uma tentativa concreta de manter a comunicação aberta em um cenário internacional onde cada movimento no Mar da China Meridional é acompanhado de perto por ambas as potências.