A Rússia concentrou “dezenas de milhares de soldados” para uma grande ofensiva visando retomar a região de Kursk, atualmente sob controle ucraniano, segundo informou Oleksandr Syrskyi, comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, nesta segunda-feira (11). O esforço acontece após um avanço surpreendente da Ucrânia em agosto, que resultou na ocupação de territórios russos, marcando um momento histórico no conflito.
De acordo com Syrskyi, as forças russas estão empregando unidades de elite e combatendo intensamente para desalojar tropas ucranianas. “A importância dessa área operacional não pode ser subestimada, dado o número de tropas inimigas concentradas ali”, afirmou o comandante em um comunicado na plataforma Telegram.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, revelou em setembro que aproximadamente 1.300 quilômetros quadrados haviam sido tomados pela Ucrânia no território russo, mas os avanços estagnaram nas últimas semanas. Em resposta, Vladimir Putin prometeu pressionar as forças ucranianas para fora do território russo, intensificando as ações na região de Kursk.
Tropas norte-coreanas se unem à Rússia e elevam tensão global
O novo cenário do conflito também inclui um elemento inesperado: cerca de 11.000 soldados norte-coreanos foram enviados para apoiar as forças russas. Autoridades norte-americanas e ucranianas confirmaram que esses militares estão engajados em operações de combate no front, aumentando ainda mais a preocupação internacional sobre a aliança militar entre Moscou e Pyongyang.
Enquanto isso, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos pode redesenhar o panorama político do conflito. O presidente eleito já afirmou que resolverá a guerra antes mesmo de tomar posse, gerando especulações sobre possíveis negociações com Putin e Zelenskyy. Trump também criticou o líder ucraniano, culpando-o pela continuidade da guerra.
Os recentes ataques com drones entre os dois países mostram a escalada da violência. No último domingo (10), a Rússia disparou 145 drones contra a Ucrânia, causando a morte de oito civis e deixando dezenas de feridos. Em contrapartida, a Ucrânia realizou o maior ataque com drones a Moscou desde o início da guerra, forçando o desvio de voos em aeroportos da capital russa.
Impacto financeiro e estratégico molda próximos passos do conflito
O impacto financeiro também é severo para a Ucrânia, com Zelenskyy informando que os danos materiais provocados pela agressão russa já ultrapassam 800 bilhões de dólares. Regiões como Mykolaiv, Kherson, Donetsk e Sumy estão entre as mais afetadas pelos recentes bombardeios russos.
Especialistas avaliam que a ofensiva em Kursk tem um peso estratégico tanto no campo de batalha quanto nas mesas de negociações. Mykhailo Samus, analista militar ucraniano, acredita que Putin pretende consolidar o controle da região antes de qualquer diálogo com os Estados Unidos e a Ucrânia.
O envolvimento de tropas norte-coreanas na linha de frente também chamou a atenção de analistas internacionais. Christopher Tuck, especialista em segurança do King’s College London, ressaltou que os soldados norte-coreanos estão sendo utilizados como “carne de canhão” para sustentar o estilo de guerra adotado pela Rússia, que demanda alto volume de tropas para suas ofensivas.
Com batalhas intensas previstas para as próximas semanas, o conflito em Kursk se tornou um novo epicentro da guerra entre Rússia e Ucrânia, ampliando as incertezas sobre o futuro da região e os desdobramentos no cenário geopolítico global.
Com informações de: nbcnews