Nesta terça-feira, o presidente Vladimir Putin assinou uma atualização da doutrina nuclear da Rússia.
Trata-se de um endurecimento da postura de Moscou em relação à possibilidade de ataques ucranianos contra solo russo, com apoio de equipamentos militares ocidentais. Essa mudança ocorre em um contexto de escalação das tensões entre a Rússia, os Estados Unidos e a Ucrânia.
O que diz a Nova Doutrina Nuclear?
A principal alteração na doutrina nuclear estabelece que:
- Moscou considerará qualquer ataque de um país não nuclear, como a Ucrânia, apoiado por uma potência nuclear, como um ataque conjunto.
- A Rússia poderá retaliar com armas nucleares se um ataque convencional ameaçar sua soberania.
De acordo com Dmitry Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança, essa atualização na doutrina nuclear russa é muito grave. “Isso significa que mísseis da OTAN disparados contra nosso país podem ser considerados um ataque do bloco à Rússia. A resposta pode incluir armas de destruição em massa contra Kiev e instalações-chave da OTAN, onde quer que estejam.”, declarou Medvedev.
Resposta dos EUA
A decisão de Biden, na segunda-feira (18), de autorizar o uso de mísseis americanos de longo alcance ATACMS por parte da Ucrânia para atingir alvos dentro da Rússia, recebeu duras críticas do Kremlin. Os russos classificaram a ação como um “ato de guerra”.
O Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos respondeu às ameaças russas. Segundo o órgão, os EUA não ajustará sua postura nuclear diante da mudança da Doutrina Nuclear russa. No entanto, o Conselho observou que não há surpresas na atitude de Putin.
Já na terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que mísseis americanos ATACMS foram disparados por Kiev contra uma instalação na região de Bryansk, ao norte da Ucrânia. Oficiais ucranianos e americanos confirmaram o uso desses mísseis, o que representa sobretudo um ponto muito crítico no conflito.
Preparativos para cenários extremos
Enquanto as tensões aumentam, a Rússia iniciou a produção em massa de abrigos nucleares móveis. De acordo com a agência de notícias estatal RIA Novosti, essas estruturas podem proteger pessoas de explosões nucleares e contaminação radioativa. A manobra serve não apenas para proteger cidadãos russos, mas para alertar o ocidente que Moscou fala sério sobre sua nova Doutrina Nuclear.
Com os riscos de escalada para um confronto global, a comunidade internacional enfrenta a urgente necessidade de buscar soluções diplomáticas para evitar que as ameaças nucleares se transformem em realidade.