Em um episódio que acendeu alertas em toda a Europa, dois cabos submarinos de internet foram cortados no Mar Báltico, conectando países estratégicos como Finlândia, Alemanha, Suécia e Lituânia. Os cortes ocorreram com apenas 24 horas de diferença e em uma distância de cerca de 65 milhas entre si, o que levou líderes europeus a suspeitarem de sabotagem. A informação foi divulgada pela CNN, que destacou a raridade de danos acidentais a esses cabos, tornando o caso ainda mais suspeito.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, declarou que “ninguém acredita que esses cabos tenham sido cortados acidentalmente”. Ele também afirmou que o incidente deve ser entendido como uma ação híbrida, embora os responsáveis ainda não tenham sido identificados. Para Pistorius, os danos aos cabos refletem a volatilidade dos tempos atuais, marcados por tensões crescentes na Europa.
Segundo um comunicado conjunto dos ministros das Relações Exteriores da Finlândia e da Alemanha, o caso destaca as ameaças crescentes à segurança europeia, que vão além do conflito militar entre Rússia e Ucrânia. “Nossa segurança está ameaçada não apenas pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, mas também pela guerra híbrida promovida por atores maliciosos”, declararam as autoridades.
O episódio ocorre em um contexto de alta tensão na região. Meses antes, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) alertou sobre estratégias russas para interromper o tráfego global da internet. De acordo com a CNN, a Rússia estaria mapeando cabos de fibra ótica submarinos para possíveis operações futuras. Esses cabos são cruciais para a comunicação global, e danificá-los pode ter efeitos devastadores, especialmente em tempos de conflito.
Além disso, o incidente veio logo após o governo dos Estados Unidos autorizar a Ucrânia a usar armas de longo alcance contra alvos na região de Kursk, na Rússia. Essa decisão gerou ainda mais tensões entre Moscou e o Ocidente, alimentando especulações de que a Rússia possa estar por trás do dano aos cabos submarinos. Embora nenhuma evidência conclusiva tenha sido apresentada, os eventos parecem estar interligados, segundo especialistas consultados pela CNN.
Apesar da gravidade do caso, os danos aos cabos não causaram interrupções significativas na internet. A empresa Telia Lithuania, responsável pelo cabo entre Lituânia e Suécia, informou que a linha danificada transportava cerca de um terço do tráfego de internet da Lituânia, mas o serviço foi redirecionado por outros canais. Da mesma forma, a Cinia, operadora do cabo entre Finlândia e Alemanha, confirmou a interrupção, mas destacou que sua rede é projetada para manter a conectividade por rotas alternativas.
Essa resiliência, no entanto, não diminui as preocupações. Cabos submarinos são considerados infraestrutura crítica, tanto para comunicações civis quanto militares. Em cenários de conflito, cortar essas linhas de comunicação pode desestabilizar operações militares e a coordenação entre aliados. “Garantir a comunicação entre a linha de frente e os quartéis-generais pode significar a diferença entre conter uma incursão ou permitir que uma divisão avance sem resistência”, destacou a CNN.
Ataques a infraestruturas estratégicas não são novidade no contexto europeu. Durante os Jogos Olímpicos em Paris, a França também enfrentou sabotagem a cabos de fibra ótica. Além disso, incidentes como incêndios criminosos, ataques cibernéticos e até bombardeios foram registrados nos últimos anos em países membros da OTAN, revelando um padrão de ações que visa desestabilizar a região.
Os líderes ocidentais estão se mobilizando para reforçar a segurança de suas infraestruturas submarinas. A estratégia inclui excluir empresas com vínculos com adversários como Rússia e China, além de reforçar a vigilância e a proteção de cabos cruciais. “Manter as linhas de comunicação intactas é essencial para a coordenação eficaz, especialmente em tempos de crise”, enfatizou o relatório da CNN.
Enquanto isso, investigações estão em andamento para identificar os responsáveis pelo corte dos cabos no Mar Báltico. Embora os serviços de internet tenham sido restaurados rapidamente, o episódio serve como um lembrete da vulnerabilidade das infraestruturas críticas em tempos de tensão geopolítica. A Europa, agora mais do que nunca, precisa redobrar seus esforços para proteger suas redes de comunicação e garantir a estabilidade em um cenário global cada vez mais instável.