A Avibras, a maior indústria bélica do Brasil, está mais perto de ter um novo dono. No entanto, a negociação está longe de ser tranquila. A reunião entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e representantes do investidor brasileiro interessado na compra da Avibras terminou sem acordo nesta terça-feira (19). O encontro, que debateu a situação financeira da maior indústria bélica do país, foi encerrado após o sindicato rejeitar a proposta apresentada. Uma nova reunião foi marcada para esta sexta-feira (22), às 14h.
A Avibras, que está em recuperação judicial desde 2022, acumula uma dívida de R$ 327 milhões e tenta viabilizar a venda para um investidor brasileiro cujo nome não foi revelado. Segundo a empresa, “o investidor reconhece a viabilidade de recuperação da companhia, mas considera crítica sua situação financeira, exigindo medidas rigorosas para resgate e retomada das atividades”.
Proposta rejeitada e contrapropostas
Durante a reunião, o investidor propôs manter a Avibras na região por 10 anos, evitar demissões em massa e retomar os salários atrasados e o plano de saúde. No entanto, o sindicato rejeitou a oferta, exigindo, entre outros pontos, o pagamento integral de débitos trabalhistas, estabilidade para os trabalhadores até abril de 2025 e reajuste de 4% nas cláusulas econômicas.
Sem consenso, o processo de aquisição segue indefinido. “A decisão do sindicato e dos colaboradores será determinante para o fechamento da aquisição ou sua inviabilização”, afirmou a empresa em comunicado.
Histórico de crise
Fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras é referência no setor de Defesa, desenvolvendo tecnologias como motores de foguetes e veículos espaciais. Apesar de seu histórico de inovação, a empresa enfrenta dificuldades desde 2022, quando entrou em recuperação judicial com uma dívida de R$ 600 milhões.
A crise levou à paralisação de atividades e à redução do quadro de funcionários, que passou de 1.400 para 924 empregados. Desde setembro de 2022, trabalhadores estão em greve devido a atrasos salariais.
Venda em andamento
Em outubro, a Avibras anunciou um acordo preliminar com o investidor brasileiro, considerado um avanço significativo no processo de recuperação. A conclusão da transação, no entanto, depende de uma série de condições contratuais e da resolução dos débitos trabalhistas.
O eventual comprador se comprometeu a adotar medidas para salvar a empresa, mas a situação financeira “dramática”, apontada nas diligências, impõe desafios. Segundo a empresa, o objetivo é “marcar o fim do processo de recuperação e iniciar uma nova fase de crescimento”.
O futuro da Avibras agora depende do desenrolar das negociações com os sindicatos e da capacidade do investidor de equilibrar as demandas dos trabalhadores com as exigências financeiras para a retomada das atividades.
Com informações de g1 e Avibras