Reuniões entre Bolsonaro e chefes militares discutiam golpe
Investigações da Polícia Federal (PF) apontam que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou, em reunião com os então chefes das Forças Armadas, um documento que previa hipóteses de Estado de Defesa e Estado de Sítio. A reunião, realizada em 7 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada, aconteceu após Bolsonaro ser derrotado nas eleições por Luiz Inácio Lula da Silva. Os generais Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, chefes do Exército e da Aeronáutica na época, confirmaram que Bolsonaro apresentou estratégias para questionar a legalidade do processo eleitoral.
Minutas golpistas conectam Bolsonaro à trama
Durante buscas realizadas pela PF, minutas de teor golpista foram encontradas em posse de ex-aliados de Bolsonaro, incluindo uma que previa a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma dessas minutas, localizada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, mencionava o nome do ex-presidente e detalhava ações como a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Mensagens obtidas pela PF indicam que Bolsonaro teve acesso a esses documentos e solicitou ajustes antes de deixar o poder, em dezembro de 2022.
Vigilância e plano contra ministro do STF
A PF também revelou indícios de que assessores próximos a Bolsonaro, como Mauro Cid e Marcelo Câmara, participaram de monitoramento do ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, a vigilância fazia parte de um plano que incluía sequestro e assassinato. O general Mário Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, teria idealizado o esquema, que começou a ser articulado após uma reunião em novembro de 2022.
Documentos sobre plano de assassinato foram impressos no Planalto
Outro ponto destacado pela investigação foi o uso do Palácio do Planalto para imprimir um documento detalhando planos para eliminar Lula, Alckmin e Moraes. O relatório da PF afirma que o general Mário Fernandes imprimiu o documento, batizado de “Punhal verde-amarelo”, em 16 de dezembro de 2022. O material teria sido distribuído em uma reunião no dia seguinte, reforçando a conexão entre o ex-presidente e o planejamento do crime.
Reunião golpista antes das eleições de 2022
Além dos encontros pós-eleitorais, uma reunião de teor golpista foi identificada pela PF no Palácio do Planalto, em julho de 2022. Na ocasião, Bolsonaro teria incitado uma ação para “virar a mesa” antes do resultado eleitoral. O general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também sugeriu que medidas deveriam ser tomadas de forma imediata, enquanto outros auxiliares debateram possíveis ações para interferir no processo eleitoral.
Financiamento de narrativas golpistas pelo PL
O Partido Liberal (PL), sigla de Bolsonaro, também foi citado nas investigações como parte de uma estrutura usada para financiar narrativas de fraude eleitoral. Em novembro de 2022, a coligação liderada pelo PL apresentou ação no TSE para tentar anular votos de urnas eletrônicas. Além disso, o comitê de campanha de Bolsonaro, alugado pelo partido, foi utilizado por aliados do ex-presidente para apoiar manifestações antidemocráticas em frente a instalações militares.
Provas reforçam elo entre Bolsonaro e os planos golpistas
As investigações reuniram provas contundentes que indicam o envolvimento direto de Bolsonaro e de sua equipe mais próxima em diversos níveis da trama golpista. Mensagens, depoimentos e documentos apontam que o ex-presidente liderava discussões e estratégias para questionar o resultado eleitoral e enfraquecer as instituições democráticas.
Rastro de atividades antidemocráticas no governo Bolsonaro
Segundo a PF, a sequência de eventos durante e após o período eleitoral revela uma tentativa coordenada de subverter o processo democrático no Brasil. Do planejamento de ações para desacreditar as urnas eletrônicas ao monitoramento de autoridades, a trama buscava criar um ambiente favorável para justificar uma intervenção militar.
Estrutura de poder foi usada como ferramenta de conspiração
A descoberta de que recursos e instalações do Palácio do Planalto foram usados para imprimir documentos golpistas e organizar reuniões evidencia o nível de organização da trama. Essas ações demonstram como a máquina pública foi instrumentalizada para atender aos interesses de um grupo alinhado ao ex-presidente.
Avanço das investigações deve trazer novos desdobramentos
Com os elementos levantados, as investigações da PF têm potencial para desencadear novas ações judiciais contra Bolsonaro e seus aliados. A revelação de que figuras de alto escalão do governo participaram diretamente de reuniões e ações golpistas pode aumentar a pressão por responsabilizações legais, tanto no âmbito político quanto no criminal.
Com informações de: Oglobo