Em meio a uma das maiores crises envolvendo as Forças Armadas, uma nota conjunta publicada nesta sexta-feira (22) pelo Clube Naval, Clube Militar e Clube de Aeronáutica trouxe duras críticas a episódios recentes que, segundo as entidades, buscam comprometer a imagem das instituições militares no país. Assinada pelo almirante João Afonso Prado Maia de Faria, pelo general Sérgio Tavares Carneiro e pelo major-brigadeiro Marco Antonio Carballo Perez, a mensagem defende os valores das Forças Armadas e condena o que classificam como “narrativas oportunistas” contra os militares.
Prisões de oficiais geram repúdio
O estopim para o pronunciamento foi a prisão de um oficial-general e de quatro oficiais superiores do Exército, acusados de uma suposta tentativa de atentado contra o presidente da República, o vice-presidente e um ministro do Supremo Tribunal Federal. “Dada a gravidade do caso, espera-se que haja uma investigação ágil, imparcial e rigorosa dos fatos”, afirmaram. O texto deixa claro que, se confirmadas as acusações, as ações dos detidos “são incompatíveis com os valores que norteiam os integrantes das Forças Armadas”.
A nota também condena qualquer conduta que afronte princípios como honra, lealdade e disciplina, pilares dos juramentos feitos pelos militares ao ingressarem nas Forças Armadas (referindo-se aos militares envolvidos no escândalo): “Tais condutas afrontam princípios fundamentais como honra, lealdade e disciplina. Não são dignas de quem fez o solene juramento de defender a soberania nacional, a Constituição e, em última instância, morrer pelo Brasil.”
Críticas a lideranças políticas e à mídia
Os clubes não pouparam críticas à classe política e à cobertura da imprensa. Para os signatários, as Forças Armadas têm sido injustamente arrastadas para disputas políticas, enquanto lideranças deixam de buscar soluções concretas para os problemas do país. “É válido questionar se determinadas ações não visam enfraquecer a democracia, minar seus valores essenciais e restringir liberdades individuais”, destacaram.
A escolha de datas simbólicas para divulgar ações que comprometem a imagem militar também foi apontada. Como exemplo, citaram o Dia do Exército, no ano passado, quando a prisão de outro oficial foi anunciada durante as celebrações.
Defesa dos valores e apelo à pacificação
A nota termina com uma convocação à união nacional. “A honra e os valores das Forças Armadas permanecem acima de condenáveis ações isoladas ou narrativas oportunistas”, afirmaram os presidentes das entidades, reforçando o compromisso dos militares com a democracia, a estabilidade e o bem-estar da nação.
Os clubes pedem ainda que lideranças legítimas promovam a pacificação do país e garantam o respeito à instituição. “Em tempos difíceis, a democracia exige vigilância constante e engajamento coletivo”, concluem.