Nos últimos dias, o Paquistão viveu um grave aumento nos conflitos sectários na região de Kurram, na província de Khyber Pakhtunkhwa, próxima à fronteira com o Afeganistão. Entre os dias 21 e 23 de novembro, ataques coordenados e confrontos armados resultaram na morte de pelo menos 82 pessoas e deixaram outras 156 feridas , segundo informações das Forças Armadas locais.
Essa onda de violência foi desencadeada por emboscadas em dois comboios de muçulmanos xiitas que viajavam sob escolta policial. Os ataques, atribuídos a grupos rivais, culminaram em dois dias de intensos tiroteios, nos quais 16 mortos eram sunitas e 66 eram da comunidade xiita. O distrito de Kurram tem um histórico de disputas sectárias, agravadas pelo uso de armas pesadas e dificuldade das Forças Armadas locais em conter os embates.
Consequências humanitárias e reações governamentais
Os confrontos levaram cerca de 300 famílias a abandonar suas casas em busca de segurança, enquanto os serviços de telefonia móvel foram suspensos e as principais estradas da região ficaram bloqueadas. No sábado, uma delegação do governo provincial iniciou negociações com a comunidade xiita e programou um encontro com os líderes sunitas para o dia seguinte.
Apesar dos esforços das Forças Armdas de mediação, a violência também afetou diretamente os negociadores, com relatos de disparos contra o presidente que transportava representantes do governo. Mesmo assim, nenhum dos ocupantes ficou ferido. Segundo o Ministro da Lei da província, Aftab Alam Afridi, a prioridade é estabelecer um cessar-fogo entre os grupos antes de abordar questões estruturais mais profundas.
Crescente escalada de conflitos sectários no Paquistão
Os conflitos setoriais em Kurram não são novos, mas têm se intensificado nos últimos meses. Desde julho, ataques semelhantes já resultaram em 79 mortes , de acordo com a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão. Os confrontos registados em setembro e outubro só foram encerrados após uma intervenção de conselhos tribais locais, conhecidos como jirgas.
As Forças Armadas do Paquistão enfrentaram desafios para restaurar a ordem em Kurram, que até 2018 faziam parte das Áreas Tribais Federalmente Administradas. O aumento da violência coincide com a dificuldade na implementação de medidas de segurança eficazes, especialmente em áreas de difícil acesso.
Protestos contra a violência e caminho para a paz
A gravidade dos ataques e os altos índices de violência geraram manifestações em cidades importantes como Lahore e Karachi. A população terá ações concretas do governo para garantir a paz e proteger as comunidades afetadas.
Apesar do cenário tenso, o governo segue empenhado em mediar um cessar-fogo imediato entre as partes, enquanto busca soluções rigorosas para os conflitos setoriais que têm marcado o Paquistão. Esse esforço reforça a necessidade de apoio das Forças Armadas e estabilidade da região.