A China condena EUA e Japão por incrementar tensões na região do Indo-Pacífico. O Ministério das Relações Exteriores da China declarou, nesta segunda-feira, sua oposição ao uso da questão de Taiwan como justificativa para o fortalecimento de implantações militares e o aumento de tensões na região, após relatos de que os Estados Unidos planejam posicionar unidades de mísseis em ilhas no Japão e nas Filipinas. Esses movimentos seriam parte de “planos de contingência” para lidar com uma possível emergência envolvendo Taiwan no futuro.
Ao comentar a notícia divulgada pela mídia japonesa sobre os planos dos EUA de colaborar com o Japão em estratégias conjuntas, incluindo a instalação de unidades de mísseis em pontos estratégicos, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, reiterou que Taiwan é uma parte inalienável do território chinês e que é um assunto exclusivamente interno da China.
“A manutenção da paz e estabilidade no Estreito de Taiwan depende do compromisso com o princípio de uma só China. A China se opõe categoricamente a qualquer tentativa de usar a questão de Taiwan como pretexto para reforçar presenças militares, fomentar confrontos regionais e perturbar a estabilidade regional”, afirmou Mao Ning.
Detalhes das implantações militares e planos de contingência
Segundo a Kyodo News, um periódico japonês, os EUA planejam estabelecer “bases temporárias” ao longo da cadeia de ilhas Nansei, no sudoeste do Japão, e nas Filipinas, para posicionar unidades de mísseis. Essas ações seriam incorporadas ao primeiro plano de operação conjunta entre EUA e Japão, previsto para ser formalizado em dezembro, como resposta a uma possível contingência envolvendo a China continental e Taiwan.
Analistas chineses avaliaram que tais movimentações buscam aumentar as tensões regionais e testar a reação de Pequim, enquanto os EUA e o Japão fortalecem alianças estratégicas. Li Fei, professor do Taiwan Research Center da Universidade de Xiamen, apontou que essas iniciativas seguem um padrão recorrente: o uso de manobras militares ou relatórios midiáticos como instrumentos para encorajar forças separatistas em Taiwan e dificultar os esforços chineses de reunificação nacional.
“Embora esse seja um método previsível, a China está plenamente preparada para responder“, destacou Li. Ele também observou que, em reação às provocações de Washington e das autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP) em Taiwan, o Exército Popular de Libertação intensificou exercícios militares nos últimos anos, aproveitando as provocações como oportunidades para fortalecer sua capacidade estratégica.
China condena EUA e Japão e reage com preparativos militares para resolver a questão Taiwan
Ainda conforme a Kyodo News, os EUA planejam mobilizar o Regimento Litoral da Marinha, equipado com sistemas de foguetes de artilharia HIMARS, ao longo da cadeia de ilhas que se estende desde as prefeituras japonesas de Kagoshima e Okinawa em direção a Taiwan.
Além disso, unidades da Força-Tarefa Multidomínio (MDTF) do Exército dos EUA, projetadas para operar em ambientes que combinam espaço cibernético, informações, terra, ar e mar, serão posicionadas nas Filipinas. O Japão, por sua vez, deverá fornecer apoio logístico às operações americanas.
Essas movimentações refletem a crescente competição estratégica na região do Indo-Pacífico, com implicações diretas para o equilíbrio de poder global. A tentativa de reforçar hegemonias regionais e aumentar as tensões geopolíticas parece estar alinhada com os interesses de longo prazo de Washington e seus aliados, mas também amplia o risco de conflitos territoriais e intensifica a disputa pelo controle de áreas estratégicas.
Devido àquilo que a China chama de “provocações das autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP) e dos EUA nos últimos anos”, as forças militares chinesas conduziram uma série de exercícios militares nos últimos anos, e “quanto mais elas provocam, mais oportunidades serão fornecidas para o continente chinês fortalecer seus preparativos militares para resolver o problema“, observou Li.
O Moderno sistema de artilharia que preocupa a China continental
O HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System) é um sistema de artilharia móvel desenvolvido pelos Estados Unidos, projetado para disparar foguetes e mísseis com alta precisão e a longas distâncias. Este sistema é uma versão modernizada e mais leve do M270 MLRS (Multiple Launch Rocket System), que foi introduzido nas Forças Armadas americanas na década de 1970.
Características do HIMARS
- Capacidade de lançamento: o HIMARS pode carregar até seis foguetes GMLRS (Guided Multiple Launch Rocket System) ou um único míssil ATACMS (Army Tactical Missile System), que tem um alcance de até 300km.
- Mobilidade: o sistema é montado em um caminhão, o que proporciona uma grande mobilidade no campo de batalha. Ele pode ser rapidamente posicionado e reposicionado, facilitando operações em terrenos variados.
- Precisão: os foguetes são guiados por GPS, permitindo que atinjam alvos com precisão superior em comparação com sistemas de artilharia convencionais. O alcance dos mísseis é aproximadamente duas vezes maior do que os sistemas anteriormente usados no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Impacto na guerra Rússia-Ucrânia
O HIMARS tem desempenhado um papel crucial na guerra entre Rússia e Ucrânia, permitindo que as forças ucranianas realizem ataques a alvos estratégicos a uma distância segura da artilharia russa.
A introdução deste sistema foi considerada um “divisor de águas” no conflito, proporcionando à Ucrânia uma capacidade ofensiva significativamente aumentada e ajudando a neutralizar a logística russa.
Operação
Para operar o HIMARS, são necessárias apenas três pessoas, o que torna o sistema eficiente do ponto de vista de recursos humanos. A troca dos tubos de lançamento pode ser feita rapidamente, permitindo que o sistema permaneça em ação com mínima interrupção.
O HIMARS representa uma inovação significativa na artilharia moderna, combinando mobilidade, capacidade de ataque a longa distância e precisão, fatores que têm sido decisivos nas operações militares contemporâneas.