O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), retirou nesta terça-feira, 26 de novembro, o sigilo da investigação sobre tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e determinou o encaminhamento do relatório final da PF (Polícia Federal) à Procuradoria-Geral da República (PGR).
As informações foram divulgadas pelo próprio STF e o relatório final da Polícia Federal pode ser lido aqui.
Nesse documento, a Polícia Federal afirma que oficiais-militares, com formação em forças especiais e lotados em postos relevantes dentro da estrutura do Exército, especialmente como assessores de Generais de Exército (generais 4 estrelas), realizaram uma reunião, no dia 28 de novembro de 2022, na SQN 305 BL I, em Brasília (DF) com o objetivo de executar ações para pressionar alguns integrantes do alto comando, a aderirem ao golpe de Estado, que estava em curso.
Segundo a PF, o objetivo era o emprego de técnicas de forças especiais em ambiente politicamente sensível para desencadear ações que incitassem o meio militar e, com isso, convencer os Comandantes que mantinham uma conduta legalista, em especial, o comandante do Exército, General Freire Gomes, a aderir ao intento golpista.
As mensagens que comprovam a reunião e as intenções foram apagadas dos telefones celulares, mas as medidas cautelas de quebra de sigilo telemático conseguiram recuperar as conversas de Whatsapp.
De acordo com a PF, os dados analisados evidenciaram que os militares-assessores atuaram de forma deliberada, sem conhecimento dos comandantes, em evidente quebra de hierarquia, com a finalidade estabelecer uma relação de confiança entre o general Freire Gomes e o então presidente da República Jair Bolsonaro, para que o então comandante do Exército aderisse a tentativa de Golpe de Estado, dando o suporte armado à ação que estava em curso.
O documento mostra que os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderir a qualquer plano que impedisse a posse do governo legitimamente eleito. Já o comandante da Marinha, Almirante Garnier, se colocou à disposição para cumprimento das ordens.
Dentro do núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado, o economista e influenciador digital Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, devido sua capacidade de penetração no meio militar, teria sido o responsável por divulgar informações falsas com o objetivo de incitar integrantes do meio militar a se voltarem contra comandantes que se posicionavam contra a ação criminosa que estava em execução.
A PF diz também que Paulo Figueiredo atuou para insuflar os militares a aderirem ao intento golpista dando ampla publicidade ao documento denominado de “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, para criar a falsa percepção de que haveria um alinhamento das Forças Armadas ao Golpe de Estado.