O recente envio de equipamentos militares para a Ucrânia, em meio ao prolongado conflito com a Rússia, tem gerado especulações sobre as fontes dessas armas. Um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa ucraniano revelou exercícios de artilharia utilizando obuseiros autopropulsados, levando especialistas a sugerirem que os Países Baixos podem ter fornecido discretamente modelos M109A2, anteriormente utilizados por suas forças armadas.
Esse tipo de transferência ilustra uma estratégia comum entre países europeus: reforçar a defesa da Ucrânia sem provocar diretamente a Rússia. Equipamentos antigos, mas ainda funcionais, como o M109A2, têm sido reaproveitados para treinos e apoio tático. A análise detalhada dos veículos e as políticas de auxílio militar apontam para um esforço coordenado em fortalecer a Ucrânia de forma discreta e estratégica.
Estado de conservação dos obuseiros indicam ter sido reaproveitados para treinamento
Esses sistemas, desativados nos Países Baixos, podem ter permanecido armazenados antes de serem enviados à Ucrânia. Além disso, o estado de conservação dos obuseiros indica um longo período em depósito, reforçando a ideia de que foram reaproveitados para treinamento, e não para combate direto.
Outro ponto que chama atenção é o design básico das torres dos veículos, que carecem de características modernas presentes no M109A6 Paladin, como sensores externos, blindagem reforçada e estrutura angular.
Compartimentos de armazenamento na parte traseira da torre do M109A2
O canhão identificado é compatível com o modelo M185 de 155 mm, usado nas variantes M109A2 e M109A3, enquanto o Paladin opera com o mais avançado M284 montado em uma cuna M182. Detalhes adicionais, como compartimentos de armazenamento na parte traseira da torre, também correspondem ao modelo M109A2.
Características do M109A2 considerado uma versão aprimorada do M109 dos EUA
O M109A2 é uma versão aprimorada do obuseiro autopropulsado M109, desenvolvido nos Estados Unidos. Adquirido pela Holanda nos anos 1980, foi usado para modernizar suas forças de artilharia.
Equipado com um canhão M185 de 155 mm montado em uma cuna M178, o M109A2 alcança até 18 km com munição convencional e 24 km com projéteis assistidos por foguetes. Cada veículo transporta até 36 projéteis e conta com uma metralhadora M2 Browning de calibre .50 para defesa próxima.
Desativados nas décadas de 1990 e 2000, obuseiros foram armazenados, vendidos ou transferidos
Movido por um motor Detroit Diesel 8V71T de 405 cavalos, o M109A2 atinge uma velocidade máxima de 56 km/h e tem um alcance operacional de aproximadamente 350 km. O modelo holandês foi adaptado com periscópios panorâmicos para melhorar a mira e a observação.
Contudo, seu blindado de alumínio, com 31,8 mm de espessura, oferece apenas proteção limitada contra estilhaços e armas leves, sendo vulnerável a armamentos antitanque modernos.
Desativados nas décadas de 1990 e 2000, muitos desses obuseiros foram armazenados, vendidos ou transferidos para outros países. Apesar de ultrapassados, sua confiabilidade e simplicidade continuam sendo valiosas para apoio de artilharia e treinamentos.
Estratégias de apoio militar à Ucrânia podem desempenhar um papel significativo em conflitos
Até o momento, o governo holandês não comentou oficialmente sobre a transferência de M109A2 à Ucrânia. No entanto, uma operação discreta estaria alinhada às práticas de auxílio militar adotadas por vários países europeus desde o início do conflito.
Armamentos, drones e munições têm sido enviados sem anúncios oficiais, para evitar escaladas nas tensões com a Rússia. Na Ucrânia, o uso do M109A2 em treinamentos tem múltiplos propósitos.
Permite que as tripulações obtenham experiência realista em campo. Essa abordagem reflete uma estratégia mais ampla de ajuda militar internacional, muitas vezes mantida em sigilo para evitar conflitos diplomáticos diretos.
A possível presença de obuseiros M109A2 na Ucrânia demonstra como sistemas mais antigos podem desempenhar um papel significativo em conflitos modernos, especialmente em treinamentos.
A transferência discreta de equipamentos fora de serviço permite que países como Holanda contribuam para a defesa ucraniana sem provocar tensões políticas adicionais. Esse modelo de assistência pode se tornar um padrão para futuros apoios militares em cenários similares.