Movimentos ambientalistas: boas intenções, efeitos discutíveis
A pauta ambiental está por toda parte, as chamadas políticas verdes. Elas são sempre exaltadas como essenciais para salvar o planeta e mudar o futuro. Mas, quando se para e analisa algumas posições defendidas pelos movimentos ambientalistas, a sensação é de que as coisas não são tão simples assim. Muitas ideias são bem-intencionadas, mas acabam soando desconectadas da realidade prática, técnica e econômica. A Revista Sociedade Militar resolveu destrinchar algumas dessas contradições.
1. Oposição a hidrelétricas: um tiro no pé energético
As hidrelétricas são uma das fontes de energia mais eficientes e sobretudo menos poluentes em larga escala. Essas usinas geram eletricidade a partir da força da água, sem emitir gases de efeito estufa. Além disso, possuem uma estabilidade que energias intermitentes, como a solar e a eólica, não conseguem oferecer.
Mesmo assim, ambientalistas frequentemente rejeitam esses projetos. Alegam que as hidrelétricas alagam vastas áreas e alteram ecossistemas locais. Tá certo, esses problemas existem. Mas será que isso justifica preferir soluções piores? Quando as políticas verdes bloqueiam hidrelétricas, acabam abrindo espaço para termelétricas a carvão ou gás natural – essas sim, campeãs em poluição.
No fim das contas, é irônico: barrar hidrelétricas significa atrasar as metas de redução de emissões de carbono, tão defendidas por quem se opõe a elas. Para se ter uma ideia, somente a hidrelétrica de Itaipu, na divisa do Paraná com o Paraguai, fornece 8,7% da energia consumida no Brasil e 86,4% no Paraguai.
2. Baterias e painéis solares: a poluição que ninguém fala
Movimentos ambientalistas adoram a ideia de carros elétricos e energia solar. São símbolos do futuro limpo e sustentável, certo? Só que tem um detalhe: tudo isso depende de baterias e painéis solares. Ambos usam matérias-primas como lítio, cobalto e níquel. A extração desses materiais causam muita destruição ambiental, consumo absurdo de água e, em alguns casos, até trabalho infantil.
A mineração de lítio, por exemplo, é devastadora para os ecossistemas locais. E o descarte inadequado dessas baterias pode deixar resíduos tóxicos no meio ambiente por décadas. Mas quem quer falar disso? Enquanto os slogans das políticas verdes continuam bonitos, os impactos negativos dessas “soluções sustentáveis” são convenientemente ignorados.
Para se ter uma ideia, o Complexo Solar Janaúba, a maior usina solar do Brasil, produz menos de 10% do que produz a hidrelétrica de Itaipu.
3. Políticas verdes travam o desenvolvimento econômico
Os movimentos ambientalistas também têm um histórico de apoiar políticas verdes que colocam um freio no desenvolvimento econômico. Isso ocorre principalmente em países em desenvolvimento. Restrições ao uso de fertilizantes, oposição a projetos de infraestrutura e limitação de áreas agrícolas são exemplos clássicos. Isso parece justo quando você está em um país rico, mas para quem vive na pobreza, essas políticas só perpetuam a insegurança alimentar e o atraso econômico.
Sem crescimento econômico, como implementar soluções sustentáveis de longo prazo? É uma questão que muitos movimentos verdes parecem ignorar. Focar na proteção ambiental e em políticas verdes é importante, claro, mas sem esquecer que as pessoas precisam comer, trabalhar e viver dignamente.
4. Propostas inviáveis e desconexas da realidade
Outra pedra no sapato dos movimentos ambientalistas são as soluções que, no papel, parecem incríveis, mas no mundo real não funcionam. Energia eólica é um bom exemplo: além de intermitente, exige uma infraestrutura de armazenamento cara e complexa. E a produção das turbinas? Mais impactos ambientais.
O resultado dessa insistência em alternativas inviáveis é o aumento dos custos de energia, prejudicando consumidores e indústrias. Em vez de buscar um equilíbrio com fontes mais estáveis, as políticas verdes continuam pregando ideias que, na prática, são difíceis de escalar.
Ou seja: boas intenções não bastam
Não dá para negar que os movimentos ambientalistas têm um papel importante na conscientização sobre os desafios ambientais. Mas, quando insistem em posturas inflexíveis e desconectadas da realidade, acabam sabotando os próprios objetivos.
Se o ambientalismo quiser ser realmente eficaz, precisa abandonar as visões simplistas e abraçar o pragmatismo: entender os custos reais, pesar os prós e contras e buscar soluções que atendam tanto ao meio ambiente quanto às necessidades humanas. Só assim a transição para um futuro sustentável será viável – e suportável.