A guerra entre Rússia e Ucrânia tomou uma nova dimensão com o envio de cerca de 10 mil soldados norte-coreanos para apoiar o exército russo. Apesar da aliança estratégica entre Pyongyang e Moscou, as condições enfrentadas pelos soldados norte-coreanos são críticas, gerando descontentamento e dificuldades no front. O contingente, estacionado principalmente na região de Kursk, sofre com a falta de suprimentos básicos, incluindo alimentos adequados.
De acordo com informações da inteligência militar ucraniana, muitos soldados norte-coreanos têm demonstrado desejo de abandonar o front e retornar à Coreia do Norte. O general de divisão russo Mev Lutovac foi enviado a Kursk para tentar conter o descontentamento, ordenando que rações da 11ª Brigada de Assalto Aéreo das Forças Armadas da Rússia fossem redistribuídas para atender às tropas norte-coreanas. No entanto, a escassez persiste, expondo os soldados a condições de fome e sofrimento extremo.
Soldados enfrentam desnutrição e repressão severa
A realidade enfrentada pelos soldados norte-coreanos no exterior reflete a dura vida militar em seu próprio país. Muitos desses combatentes vêm de um sistema militar onde refeições consistem, em sua maioria, de batatas ou grãos de milho. Com a falta de alimentos em território russo, relatos apontam que alguns soldados recorrem ao roubo para sobreviver, mesmo correndo o risco de punições severas.
Além da desnutrição, os soldados enviados para a Ucrânia enfrentam repressão do regime norte-coreano. Desertores que escaparam de missões anteriores relataram que as famílias dos militares não são informadas sobre os perigos enfrentados por seus parentes. A mobilização de soldados norte-coreanos para a guerra na Ucrânia permanece amplamente ocultada do público em Pyongyang, gerando especulações de que as tensões internas possam aumentar à medida que mais famílias descobrem a verdade.
Cresce o número de mortos e feridos norte-coreanos no conflito
Desde sua chegada à Ucrânia, as tropas norte-coreanas têm enfrentado perdas significativas em combate. Estima-se que o número de baixas seja crescente, com relatos de mortes e ferimentos entre soldados e oficiais de alto escalão. Recentemente, ataques ucranianos à região de Kursk atingiram um quartel-general russo, resultando na morte de pelo menos 18 soldados russos e em ferimentos em oficiais norte-coreanos.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky mencionou a presença de tropas norte-coreanas em um pronunciamento público, classificando-as como “carne de canhão” no conflito. Segundo ele, Moscou estaria priorizando o uso de tropas estrangeiras para evitar descontentamento interno entre os russos.
Pressões externas e internas ameaçam Pyongyang
Analistas apontam que o envolvimento da Coreia do Norte na guerra pode gerar desdobramentos críticos. A taxa de natalidade no país é baixa, e muitas famílias possuem apenas um ou dois filhos, o que amplifica o impacto emocional das mortes no front. A ocultação do envolvimento militar por Pyongyang também pode intensificar a oposição interna ao regime.
Apesar disso, o governo norte-coreano continua fornecendo suporte militar à Rússia, incluindo munições e armamentos. No entanto, especialistas acreditam que os soldados norte-coreanos enfrentam altos níveis de estresse, isolamento psicológico e traumas que podem levar a deserções e tentativas de buscar asilo político.
O envolvimento da Coreia do Norte no conflito entre Rússia e Ucrânia evidencia a complexidade geopolítica da guerra e os desafios humanitários enfrentados pelos soldados estrangeiros em meio ao combate. O impacto dessa participação ainda pode reverberar internamente no regime norte-coreano e externamente no cenário internacional.
Com informações de: Oracle Vision