O fato de o Gripen F-39 se sobressair no combate simulado de longo alcance com o F-15 Eagle durante o Exercício Cruzeiro do Sul (Cruzex) 2024 continua rendendo para a FAB (Força Aérea Brasileira) e a Saab, fabricante sueca parceira do Brasil. O programa já ganhou até mesmo um livro.
Segundo Mikael Franzén, vice-presidente e diretor de Marketing do Gripen na área de negócios aeronáuticos da Saab, a primeira participação do caça em um exercício multinacional em escala global “superou todas as expectativas” e classificou o F-39 como “a melhor e mais acessível opção para muitas Forças Aéreas ao redor do mundo”.
Em entrevista à Agência Brasil, Franzén admitiu que os bons resultados obtidos pelo Gripen durante o Cruzex devem aumentar o interesse de outros países em adquirir a aeronave.
“Inclusive já o estamos oferecendo a países como Colômbia e Peru, entre outros. Recentemente a Tailândia selecionou o Gripen para renovar a sua frota”.
Atualmente, o Gripen já opera na República Tcheca, Hungria, Brasil, Suécia, Tailândia e passa por testes no Reino Unido.
Marcos José Barbieri Ferreira, especialista em indústria aeroespacial e de defesa e professor da Unicamp, explica que nas operações Cruzex são feitas simulações com radares.
“Os alcances de mísseis também são simulados, de forma a ver se ele seria ou não capaz de atingir [os alvos]. Dentro dessas operações de simulação, foram feitos combates, com destaque para os entre o F-15 e o Gripen”.
O professor destacou que as operações e combate simulado foram apenas de combate de longo alcance.
“Nessas simulações, segundo os relatos apresentados, o Gripen se sobressaiu, e teve vitórias nessa simulação, em relação aos aviões de caça F-15, com duas vitórias em combate simulado”.
De forma acertada e diplomática, a FAB argumentou que exercícios como o Cruzex não têm o objetivo de apontar vencedores ou derrotados. A ideia é, na verdade, “promover um treinamento conjunto, em que cada país contribuísse com seus conhecimentos e capacidades para a evolução coletiva das Forças envolvidas”.
Já o presidente do Instituto Sul-Americano de Política Estratégica, Fabrício Ávila, ressaltou que os caças F-15 têm histórico de vitórias em todos os combates reais dos quais já participaram e que os combates, mesmo os simulados, são imprevisíveis.
“Os caças [F-15] são de versões anteriores dos mais modernos operados pela elite da USAF [a força aérea dos EUA]. Mesmo assim, foram melhorados desde 2010 ganhando o radar APG 63 V3 com um alcance de 400 km. Esse radar combinado com os seus mísseis dariam uma vitória frente aos F-39 Gripen, mas os caças brasileiros conseguiram abates simulados”.
Mike Hansel Scott, um dos integrantes da Guarda Aérea norte-americana que participou do Cruzex 2024 pilotando o F-15, elogiou a parceria entre Brasil e Suécia nas redes sociais.
“Tem sido incrível voar com os mais novos caças da FAB, o Saab F-39E Gripen. O Brasil tem esse jato há menos de 2 anos e o Cruzex 2024 é o primeiro grande exercício do qual participou. Gostamos de voar juntos todos os dias e aprender uns com os outros em alguns voos desafiadores, mas divertidos”.