Edmundo González Urrutia , figura central da oposição venezuelana , tem intensificado seus esforços políticos ao fazer um apelo direto às Forças Armadas para que estas o apoiem em sua tentativa de assumir o poder em substituições a Nicolás Maduro . Ao mesmo tempo, María Corina Machado, também líder oposicionista, convocou protestos que visam aumentar a pressão contra o governo chavista. Nesse cenário, o envolvimento dos militares revela um elemento decisivo, como destacam os analistas.
O Alto Comando das Forças Armadas reafirmou recentemente a sua lealdade a Nicolás Maduro . Em comunicado oficial, os militares enfatizaram a sua “obediência e subordinação” ao presidente, que está prestes a iniciar um novo mandato (2025-2031). A cerimônia de posse ocorrerá na sexta-feira, dia 10 de janeiro, em um Parlamento amplamente dominado pelo chavismo.
Veja também:
- Exército Brasileiro prepara um investimento colossal de R$ 20 bilhões para uma renovação completa das viaturas, modernizando desde os modelos leves até os carros de combate
- Programa militar das Forças Armadas nas fronteiras é desviado para um festival de obras e máquinas, se transformando em um jogo político de emendas parlamentares
Por outro lado, González Urrutia não recua em suas acusações. Ele denuncia a fraude nas eleições realizadas em 28 de julho e reivindica a vitória, um posicionamento que encontra eco em parte da comunidade internacional. Estados Unidos, União Europeia e diversos países têm questionado a legitimidade.
No entanto, a resposta dos militares veio de forma contundente. Em um comunicado transmitido pela televisão estatal, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, rejeitou as declarações de González, classificando-as como ineficazes. “Não cometa um erro conosco”, alertou o ministro, reforçando o apoio a Maduro. Este, por sua vez, elogiou a postura militar e declarou em redes sociais: “Em união com o poder popular-político-militar, levantamos nossa voz em total excluída à mensagem desavergonhada de Edmundo González Urruti
Ruptura no chavismo
Especialistas consultados pela AFP acreditam que uma ruptura imediata no chavismo é perigosa. Os militares desempenham um papel estratégico nos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, sendo beneficiados com posições de destaque em setores cruciais, como a indústria petroleira, que é vital para a economia venezuelana. Segundo Edmundo González, a situação é complexa e requer atenção.
Enquanto a oposição busca novos caminhos para desafiar o chavismo, a força política e econômica dos militares segue como um elemento decisivo neste delicado jogo de poder. Resta observar como os próximos dias irão moldar o futuro político da Venezuela, especialmente diante da forte polarização interna e da pressão das Forças Armadas.
Forças Armadas no centro da disputa pelo poder na Venezuela: transição ou continuidade?
O papel das Forças Armadas na Venezuela é “crucial” para determinar se haverá ou não a possibilidade de uma transição política no país, afirmou Mariano de Alba, especialista em geopolítica e diplomacia, durante entrevista à AFP. Segundo ele, “a estratégia de Edmundo González Urrutia visa contribuir para a causa da oposição e aumentar a pressão internacional”.
Para fortalecer sua posição, Edmundo González Urrutia, que recebeu o trabalho político na Espanha, tem se mobilizado internacionalmente. Sua agenda inclui visitas a países estratégicos, como Argentina, Uruguai e Estados Unidos, com planos de estender a campanha ao Panamá e à República Dominicana.
Por outro lado, Carol Pedroso, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo, considera uma mudança de poder no curto prazo. “Esse cenário não é totalmente impossível, mas tentado, a menos que existam cartas escondidas na manga”, avaliou. Entre essas cartas, ela sugere a possibilidade de negociações com o alto escalonamento militar, que historicamente desempenha um papel decisivo na política venezuelana.
Os militares desempenham um papel estratégico nos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, sendo beneficiados com posições de destaque em setores cruciais, como a indústria petroleira, que é vital para a economia venezuelana. Enquanto a oposição busca novos caminhos para desafiar o chavismo, a força política e econômica dos militares segue como um elemento decisivo neste delicado jogo de poder. Resta observar como os próximos dias irão moldar o futuro político da Venezuela, especialmente diante da forte polarização interna e da pressão das Forças Armadas.
Maduro reforça discurso de estabilidade
Enquanto isso, Nicolás Maduro mantém uma postura de estabilidade e controle. “Aqui para garantir a paz perpétua”, declarou ele durante uma manifestação em Caracas, na última segunda-feira. Seu discurso foi acompanhado por advertências do ministro do Interior, Diosdado Cabello, que afirmou estar “convencido” de que “nada vai acontecer” e que qualquer tentativa de desestabilização terá “consequências”.
Em um movimento simbólico, a Direção de Contrainteligência Militar publicou uma mensagem enigmática nas redes sociais. A imagem de uma mão batendo em uma porta, acompanhada da legenda “Tun Tun”, foi amplamente interpretada como um lembrete das ações contra opositores.
Análise sobre o papel militar e as possibilidades de ruptura Apesar do apoio explícito de grande parte das Forças Armadas a Maduro, Mariano de Alba acredita que as circunstâncias poderiam mudar se uma facção dentro do governo decidisse se distanciar e apoiar uma transição. A oposição, por sua vez, tem intensificado apelos para que os militares brinquem com o governo chavista, mas sem resultados significativos até o momento.
A eleição presidencial recente trouxe um novo dinamismo à política venezuelana. Embora o governo de Maduro tenha subestimado a força de María Corina Machado e sua estratégia, sua liderança começa a ganhar destaque no cenário nacional e internacional.
Dessa forma, o futuro da Venezuela permanece incerto. O envolvimento das Forças Armadas e a possibilidade de divisões dentro do governo podem redefinir os rumores do país. No entanto, a manutenção da estabilidade interna e o controlo militar sobre sectores essenciais, como a indústria petroleira, continuam a favorecer o chavismo, pelo menos por enquanto. Segundo Edmundo González, a situação é complexa e requer atenção.