Guam: a base estratégica dos EUA no Pacífico
A ilha de Guam, um território dos Estados Unidos no Pacífico, está sendo convertida em uma das áreas mais fortificadas do mundo. Localizada a cerca de 2.700 km de Taiwan, a posição estratégica da ilha torna-a crucial para as forças americanas e seus aliados em caso de um conflito envolvendo uma possível invasão chinesa a Taiwan.
Embora esteja fora do alcance das ofensivas mais intensas da China, Guam não é imune a ataques. O Exército de Libertação Popular da China (PLA) possui centenas de mísseis balísticos, incluindo os DF-26, que podem atingir a ilha a partir de bases terrestres chinesas. Além disso, submarinos e bombardeiros chineses podem lançar mísseis de cruzeiro contra o território, representando ameaças adicionais.
Para enfrentar esses riscos, o Departamento de Defesa dos EUA está investindo bilhões de dólares no projeto conhecido como “Defesa de Guam”. Esse sistema inclui a instalação de lançadores verticais de mísseis em estruturas móveis e uma rede de radares avançados, como o AN/TPY-6, que desempenham papel central na interceptação de mísseis balísticos.
Testes de defesa confirmam avanços no projeto
Em dezembro de 2024, um teste crucial foi realizado para avaliar o sistema de defesa. Um avião cargueiro lançou um alvo simulando um míssil balístico em direção a Guam. O radar AN/TPY-6 detectou a ameaça, e um míssil SM-3 interceptou e destruiu o alvo no ar, confirmando a eficácia do sistema. Segundo o general Heath Collins, diretor da Agência de Defesa de Mísseis dos EUA, o sucesso do teste é um marco na integração da arquitetura de defesa aérea e de mísseis para a ilha.
A fortificação de Guam não se limita aos lançadores verticais e aos mísseis SM-3 e SM-6. O plano inclui baterias de mísseis terra-ar posicionadas em diversos pontos estratégicos, especialmente na face da ilha voltada para a China. Além disso, navios de guerra da Marinha dos EUA e aliados poderão reforçar a defesa do território, assim como esquadrões de caças estacionados na região.
Apesar do avanço tecnológico, a proteção de Guam enfrenta desafios significativos. A força de mísseis chinesa, após anos de expansão e modernização, tem capacidade para lançar milhares de foguetes simultaneamente contra a ilha. Um ataque em larga escala poderia facilmente esgotar os estoques de interceptores, como os SM-3, que são caros e fabricados em quantidades limitadas.
Escassez de interceptores e a corrida armamentista
A preocupação com a escassez de interceptores levou o Comitê de Serviços Armados do Senado dos EUA a pressionar pela triplicação da produção de mísseis SM-3, que atualmente são fabricados a um custo de US$ 28 milhões por unidade. O pedido reflete a corrida armamentista entre os EUA e a China, à medida que ambos buscam consolidar posições estratégicas na região do Pacífico.
Enquanto os EUA aceleram a transformação de Guam em uma fortaleza inexpugnável, a crescente força militar da China mantém a disputa em constante evolução. A ilha se torna, cada vez mais, o epicentro de uma competição geopolítica que pode definir o futuro da segurança no Pacífico.
Com informações de: telegraph