Após um confronto na região de Kursk, na Rússia, forças especiais ucranianas encontraram os corpos de mais de uma dúzia de soldados norte-coreanos mortos em combate. Segundo informações divulgadas pelas Forças de Operações Especiais da Ucrânia, um dos combatentes ainda estava vivo, mas detonou uma granada ao ser abordado, ferindo apenas a si mesmo. Este incidente reflete um padrão de auto-sacrifício observado entre os soldados da Coreia do Norte que estão apoiando a Rússia na guerra contra a Ucrânia.
De acordo com relatos da Ucrânia e fontes de inteligência, cerca de 11 mil soldados norte-coreanos foram enviados para reforçar as tropas russas na região oeste da Rússia, onde mais de 3 mil já teriam sido mortos ou feridos. Embora inicialmente descartada como “fake news”, a presença dessas tropas foi admitida pelo presidente russo Vladimir Putin e por autoridades norte-coreanas, que alegam que tal envio é legal.
Kim Jong Un, líder norte-coreano, é amplamente reconhecido por sua propaganda militarista, que exalta a lealdade extrema de suas tropas. Entretanto, analistas e legisladores sul-coreanos têm destacado a falta de preparo desses soldados para a guerra moderna, incluindo a incapacidade de lidar com ataques de drones. Muitos desses combatentes, segundo relatos, têm ordens explícitas de cometer suicídio para evitar a captura, carregando consigo memorandos que reforçam a prática como um ato de lealdade ao regime.
Em um vídeo divulgado por autoridades ucranianas, dois soldados norte-coreanos capturados expressaram diferentes desejos: um afirmou querer retornar à Coreia do Norte, enquanto o outro manifestou a intenção de permanecer na Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy sugeriu uma troca desses prisioneiros por soldados ucranianos capturados pela Rússia, mas o destino dos norte-coreanos capturados ainda permanece incerto.
Para muitos soldados norte-coreanos, ser capturado é considerado um ato de traição, com consequências severas para suas famílias no país de origem. Defensores dos direitos humanos e analistas militares argumentam que o auto-sacrifício é, muitas vezes, motivado por um medo profundo das represálias que podem atingir seus parentes em Pyongyang, caso sejam vistos como traidores.
Esse envolvimento militar da Coreia do Norte na guerra Rússia-Ucrânia marca sua primeira participação significativa em um conflito desde a Guerra da Coreia, nos anos 1950. Apesar de suas forças serem consideradas leais e motivadas, os índices elevados de mortes e feridos apontam para o uso dessas tropas como “bucha de canhão” por parte do exército russo, segundo especialistas sul-coreanos.
O impacto desse envio de tropas não se limita ao campo de batalha. A experiência adquirida em combate pode tornar o exército norte-coreano mais perigoso para seus vizinhos, como alertado por autoridades norte-americanas. No entanto, as baixas significativas e o uso de táticas obsoletas levantam dúvidas sobre a eficácia dessa intervenção no conflito.
Com informações de: reuters