MIRIAM E GLOBO MICOS – I – De General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva
Em 3 de agosto, a Globo News entrevistou o candidato Bolsonaro. O programa era aguardado com grande expectativa, haja vista a linha ideológica das Organizações Globo e de sua equipe jornalística, 99% esquerdista e com sabida aversão ao deputado. Os militantes jornalistas da Globo são mentes condicionadas pela lavagem cerebral a que é submetida a maioria da grande mídia ou pelo servilismo dos que trocam ética e valores morais e profissionais por interesses financeiros.
O candidato, corajoso e franco, nocauteou os presunçosos jornalistas, que mostraram desconhecer gestão, ao lhe cobrarem como pretendia atuar em determinadas áreas de governo. É pacífico que um líder, não ditatorial e apto a trabalhar em grupo, deixa as estratégias (o como fazer) a cargo da equipe. A ele cabe definir rumos (diretrizes de enquadramento de estratégias) e objetivos finalísticos (o que fazer) e decidir as estratégias que serão adotadas.
Miriam Leitão patrocinou dois micos dignos de nota. O primeiro será comentado neste artigo e o segundo no próximo.
Como não poderia deixar de ser, ela fez inflamada crítica ao regime militar, acusando-o de quebrar o país. Usou retórica facciosa, plena de omissões e desprovida da necessária contextualização. Para variar, falou sem honestidade intelectual.
Os governos militares transformaram o Brasil em um país industrializado e com grandes avanços em todas as áreas, particularmente, na agropecuária, na educação, na saúde e nos setores científico-tecnológico e energético. A implantação da infraestrutura em transportes, telecomunicações e serviços foi um feito poucas vezes visto em outros países. No social, o salto do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi de 0,49 (anos 1970) para 0,68 (anos 1980), isto é, uma elevação de 0,2 no período. Se comparamos a elevação de 0,71 (anos 1990) para 0,75 (anos 2000), alta de 0,04 no período, concluímos que o IDH no regime militar teve aumento superior ao dos governos posteriores. Saltamos da 48ª para a 8ª posição entre as economias do planeta, nas duas décadas de regime militar.
A raivosa jornalista está certa ao dizer que a inflação e a dívida externa eram altíssimas ao final do governo Figueiredo (1985), mas omite que o Brasil suportou e superou ingentes desafios graças à infraestrutura consolidada, à economia forte e ao planejamento estratégico. O altíssimo crescimento do PIB (média de 8,49%[1] entre 1966 e 1980) permitiu desenvolver a base de apoio para vencer duas graves crises político-econômicas internacionais. Elas resultaram de dois choques do petróleo (1973 e 1979), que afetaram, drasticamente, as economias mais pujantes do mundo.
O primeiro choque estava sendo assimilado quando veio o segundo. Os EUA dobraram a média mensal da taxa básica de juros para debelar sua inflação. As consequências para os países latino-americanos foram dramáticas, advindo-lhes as crises das dívidas e a chamada década perdida. A dívida externa brasileira, antes entre administráveis valores de 25 a 30% do PIB, mais do que dobrou, levando o país ao FMI e à recessão em 1981, com queda de 4,3% do PIB. A recuperação do crescimento veio no último ano do governo Figueiredo (PIB de 5,4%) e continuou nos dois primeiros anos do governo Sarney, com PIBs de 7,9 e 8,0%, voltando a cair em 1987. Faltava vencer a hiperinflação, mas o Brasil não estava quebrado.
Miriam Leitão, levianamente, imputa a culpa desse cenário ao regime militar, omitindo dados importantes. Eleita em 1984, cabia à oposição concluir o processo, o que levou uma década até o Plano Real. Foi leviana ao avaliar o regime militar pelos seus últimos anos; desconsiderar a crise que afetara todo o mundo; omitir o processo de recuperação iniciado; calar sobre a decisão de Geisel de assumir os riscos de aumentar a dívida para consolidar a infraestrutura estratégica da nação, que permitiu superar a década perdidae se recuperar nos anos 1990; e omitir o tremendo salto do Brasil no cenário mundial, nos vinte anos de governos militares.
Quem viu o país sair do regime militar, iniciar a jornada de Estado Democrático de Direito e analisa a situação atual conclui que não foram apenas os governos do PT (2003-2016) os responsáveis pelo quadro deplorável de hoje. O governo esquerdista do PSDB (1994-2002) não soube alavancar o progresso nacional, mesmo com o Plano Real herdado do governo anterior. Na globalização, que enriqueceu nações com economias inferiores à nossa nos anos 1980, inclusive a China, o Brasil ascendeu aritmética e assimetricamente, enquanto as nações ricas, a Coreia, a China e a Índia cresceram geométrica e equilibradamente em todas as expressões do poder.
O regime militar colocara o Brasil entre as oito maiores economias do mundo, pacificara e redemocratizara a nação, garantira um ambiente de segurança à sociedade, promovera o civismo e a moralidade pública e desenvolvera relevante infraestrutura, que permitiriam atravessar a década perdida e retomar as condições de progresso nos anos 1990.
Ao culpar um regime de duas décadas, usando um flash de seus últimos cinco anos, a incauta jornalista permite ao interlocutor fazer o mesmo com relação ao regime de 1994 a 2014. Ou seja, o regime civil, no mesmo espaço de tempo, afundou o Brasil na mais grave crise moral, política, social e econômica, comprometeu a paz interna e a própria democracia. Miriam Leitão, o mesmo raciocínio que você usou para maldizer o regime militar permitiria mostrar que ele foi muito superior ao regime civil. Assim, pense bem antes de pagar mico dizendo asneiras.
Texto de General de Luiz Eduardo Rocha Paiva Publicado na Revista Sociedade Militar.
Caricatura de Miriam leitão encontrada em: https://cabralcaricatura.blogspot.com/2011/10/caricatura-miriam-leitao.html
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