Reestruturação dos militares. Antes fácil, a coisa vai se complicando aos poucos. Policiais querem ser incluídos no PL ou receber o mesmo tratamento
Repórteres globais começam a sondar militares em busca de descobrir a motivação da insatisfação expressa insistentemente em campos de comentários nas redes sociais do Presidente; policiais federais querem os mesmos direitos, como o “pedágio” de apenas 17% sobre o tempo que falta; manifestação de Militares em frente ao Palácio do Alvorada; grupos de militares se reunindo com parlamentares de todos os partidos; um pronunciamento de deputado do PDT dizendo que a reestruturação beneficia só os generais e vários parlamentares da base aliada e até do próprio PSL – como o dep. professor Joziel – endossando as demandas dos militares da reserva são alguns dos muitos fatores que aumentam a preocupação da DEFESA no que diz respeito a aprovação do projeto de lei elaborado por generais e apresentado ao Congresso Nacional sob a sigla PL1645/2019
Nessa terça-feira o site O ANTAGONISTA publicou nota pequena, mas importante, sobre o assunto, onde diz: “PF e PRF podem acabar sendo incluídas no projeto de lei à parte que trataria, em tese, somente da Previdência dos membros das Forças Armadas… Militares temem que a discussão envolvendo essas outras duas corporações atrapalhe os planos de aprovar a reforma deles no início do segundo semestre com uma certa, digamos, facilidade.”
A “manifestação de militares” que ocorreu no “portão do presidente” na semana passada não é coisa pra ser ignorada. A coisa reuniu gente de vários estados, todos ocupando a última graduação da carreira das praças. Eles explicaram que como cidadãos têm o direito de se manifestar contra um projeto de lei que afeta toda a categoria e que a reclamação não significa que estão contra o presidente, mas que apenas discordam do projeto de lei 1645.
Nota-se que não foram para qualquer lugar e muito menos para a porta de alguma rede de TV, eles tentam falar com BOLSONARO. O presidente normalmente é mais próximo das bases do que da cúpula das Forças Armadas, mas dessa vez não deu atenção para os graduados.
Além das reclamações de categorias ligadas à segurança pública a grande mídia – como acima colocado – já começou a perceber as reclamações dos próprios militares que alegam que há irregularidades e defesa de privilégios para generais bem escondidos no emaranhado de itens, siglas militares e percentuais contido no texto do PL1645. Alguns militares contam nas redes sociais que receberam telefonemas de repórteres, mas até o momento não se viu muita coisa na grande mídia sobre a insatisfação das bases.
Militares da RESERVA denunciam, por exemplo, que os oficiais generais teriam criado somente para si um adicional de 10% sobre os soldos a título de representação na ativa e reserva, sendo que por lei todos os militares, desde o recruta até o general mais antigo, são obrigados a representar bem as Forças Armadas, na ativa ou reserva.
A coisa é tão absurda que a própria consultoria jurídica da defesa emitiu parecer comentando que o item poderia gerar a chamada judicialização.
Outra questão muito mencionada é a diferença gigantesca que o PL1645 estipula entre os adicionais de habilitação para praças e oficiais. As forças estão tentando, por meio de portarias, adaptar as carreiras dos militares para que graduados ainda na ativa não se inquietem, dando percentuais mais altos para subtenentes e suboficiais. Todavia, a tropa na reserva – citando a PARIDADE e INTEGRALIDADE – reclama muito porque não tem como ser alcançada e ainda avisa que vai para a justiça, já que o PL1645 estaria criando categorias privilegiadas dentro de mesmos postos e graduações.
Militares temporários também reclamam, alegam que realizam as mesmas atividades dos concursados, que já ingressaram com alta capacidade técnica e que por isso não poderiam ficar com salários menores, sendo usados – contam – como uma espécie de mão de obra barata.
Pelo que se vê a DEFESA, leia-se os generais, acabou jogando uma batata quente nas mãos do Presidente da República.
VEJA: Defesa foge do debate com graduados e não envia generais para audiência pública no SENADO
Robson Augustto / Revista Sociedade Militar