A proposta de reestruturação das carreiras dos militares, que aumenta as contribuições de forma igualitária, mas que – segundo informam vários graduados na reserva – traz benefícios somente para algumas categorias, deve ser votada na comissão especial nessa quarta-feira, 2 de outubro de 2019. O assunto tem agitado a caserna nos últimos meses e muitos graduados tem se referido a Jair Bolsonaro como “traidor da tropa”.
O chamado “baixo clero” das Forças Armadas – que comporta a maior parte dos militares que reclamam do PL 1645 – tem defendido Bolsonaro desde que se candidatou a vereador no Rio de Janeiro, na década de 80.
O deputado Marcelo Freixo, – do PSOL-RJ – é apontado como um dos que assumiu compromisso de lutar contra as desigualdades existentes na proposta do governo. Ele respondeu à Revista Sociedade Militar algumas colocações sobre o assunto.
Sobre a criação de uma gratificação de representação só para generais na ATIVA e RESERVA, apontada pelos graduados como ilegal, o parlamentar disse que: “… não posso concordar com o que Bolsonaro está fazendo… ele está ampliando o abismo que existe dentro das Forças Armadas, como se houvesse militares de primeira categoria e militares de quinta categoria… Bolsonaro, quando era candidato, prometia valorizar os graduados, mas agora faz o oposto: privilegia os altos oficiais. Qualquer política pública precisa ter como eixo a redução das desigualdades e a melhoria da vida dos trabalhadores… ”
“Interferências do Executivo no Legislativo são inadmissíveis”
Sobre a acusação de intromissão do poder executivo no processo legislativo, formalizada por um documento protocolado no Congresso Nacional, onde um advogado pede o afastamento do relator, deputado Vinícius de Carvalho, por ter sido escolhido pelos comandantes militares e não por seus pares no parlamento, como deveria ser, o deputado carioca diz:
“… é preciso ampliar o debate, tanto com os demais deputados quanto com os membros das Forças Armadas, principalmente com os graduados. Esse é o papel do parlamento. Por isso estou recolhendo assinaturas para apresentar um recurso e fazer com que esse debate seja levado ao plenário. Interferências do Executivo no Legislativo são inadmissíveis… o que trará mais celeridade será a apresentação do recursos após a votação do relatório…”